Por que os reality shows fazem tanto sucesso? Esse é o título de uma
matéria especial da revista Veja, que reuniu algumas de suas matérias sobre o assunto, desde o
Casa dos Artistas.
Além da identificação dos tipos (como o vilão e o mocinho), parece que quanto mais traumática a história for, mas o espectador se interessa.
"Como quase não há negros na Argentina, nós esperávamos reações racistas. Mas a mãe brasileira, transplantada para a outra casa, se deu bem com seus parentes postiços – e o produto final foi um programa morno”, diz Johnny Martins, diretor do
Troca de Família da Record. Para resolver o problema a Record criou trocas exageradas, como enviar a esposa de um delegado para uma colônia hippie, uma palmeirense fanática para a casa do presidente da torcida organizada do Corinthians, e uma senhora católica para a casa de um praticante de sadomasoquismo. No caso da palmeirense, o tumulto foi tão grande quando ela visitou a quadra da torcida rival, que ela teve que ser retirada às pressas do local.
Uma outra característica é a exploração da situação dos participantes. Como no
10 Anos Mais Jovem, onde a mulher ganha cirurgia plástica, penteado e roupas, mas antes tem que se submeter a uma avaliação pública do seu visual em uma gaiola de vidro, no centro de São Paulo. Ou os banquetes exóticos com vermes e insetos nos programas que desafiam a resistência física dos participantes. Mas uma coisa tem que se lembrar: eles se propuseram a fazer isso.
Ao contrário do que se pensa, as pessoas que acompanham esses programas pela televisão não são em sua maioria integrantes das faixas de baixa renda. Uma pesquisa sobre o público da
Casa dos Artistas mostrou que ele era formado por telespectadores com um nível de renda e informação semelhante ao dos que seguiam as novelas da Globo. E também não é possível dizer que esse interesse é particular de países em desenvolvimento, pois programas semelhantes em países desenvolvidos também prende a atenção de multidões.
“Esses programas de televisão revelam grupos de pessoas (os participantes) que não conseguem dar sentido ao tempo e ao ócio, e nem é por culpa delas. É que não foram educadas para isso. E o pior é que, do outro lado da tela, há milhões e milhões de pessoas que também poderiam estar aproveitando melhor o tempo. Programas desse tipo são a morte do tempo.”
Domenico de Masi, sociólogo italiano.
Mas... Quem é que não gosta de dar uma espiadinha?