sexta-feira, 30 de abril de 2010

"Por apenas 10 parcelinhas de R$ 2,00 no boleto bancário"

Veja o que diz o diretor-geral da Ri Happy Brinquedos, Ricardo Sayon, em reportagem da Infomoney:

“Sei que muitas pessoas só conseguem ter acesso a alguns produtos, se comprarem por meio do financiamento prolongado, e alguns produtos, como carros e imóveis, realmente precisam desses prazos. Mas hoje li uma manchete no jornal que me assustou. Dizia que consumidores iam poder comprar o presente do Dia das Mães em 48 vezes. Eu tenho pena da mãe que vai ganhar esse presente, porque, se continuar nesse ritmo, em 10 anos, o filho dela estará tão atrapalhado com essas dívidas, que ela não será mais presenteada”.

“Atualmente se oferece crédito para quem não merece. Isso acontece porque, pela primeira vez em 60 anos, vivemos anos encantados, de economia estável. Mas acho que há um risco grande em oferecermos crédito para esse monte de consumidores que estão entrando no mercado. E essas concessões mal feitas atrapalham toda a população. Costumo dizer que crédito é igual a imposto: extremamente caro, porque poucos pagam e os que pagam pagam pelos que não pagam”.

“O filho de uma funcionária minha comprou um carro zero no mesmo mês em que foi admitido em uma empresa. A justificativa é de que era uma boa empresa e ele conseguiria pagar. Três meses depois, ele foi demitido. Após três meses sem conseguir pagar as parcelas, ele veio me pedir um empréstimo. Perguntei a ele se não era melhor vender o veículo. Ele me respondeu: se eu vender, não pago nem 60% da minha dívida. Então, eu concluo que, se isso não é subprime, eu não sei o que esse termo quer dizer”.

Fonte: Infomoney

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Como enfrentar a crise sem perder a arrecadação

O Brasil parece estar passando por uma fase boa agora. A sensação é de que a crise financeira passou, a economia volta a crescer, a Bovespa está chegando ao seu ponto máxmo histórico, e falta pouco pra começar a Copa do Mundo.

Mas se há uma coisa boa que a crise nos deixou, foi o aprendizado. É incrível como em momentos de dificuldades a criatividade se aflora nos mais diversos setores, fazendo com que eles tomem um fôlego até que a tempestade passe e volte a bonança.

Um exemplo divulgado recentemente é o do bispo Romualdo Panceiro, considerado o segundo nome mais importante na Igreja Universal do Reino de Deus, e apontado pelo líder Edir Macedo como o seu sucessor. Em um vídeo entregue ao Ministério Público de São Paulo por um ex-voluntário da igreja é revelada a pregação combinada entre os bispos da cúpula da igreja para obter dízimos dos fiéis em meio à crise econômica.

Um outro ensinamento é de enfrentar os problemas de frente, identificando a causa e implementando soluções. Em um trecho do video, o bispo diz que o problema da igreja não é bandido, mas sim, a polícia, e recomenda que os responsáveis por igrejas em todo o Brasil façam alianças com os chefes de bandidos nas comunidades. Isso permite que a igreja continue com acesso às comunidades realizando seus trabalhos sociais, como por exemplo, a distribuição de alimentos.

Se ficarmos encarando a crise apenas como uma dificuldade, não veremos nada além de um grande obstáculo, mas se a encararmos com criatividade, com certeza criaremos oportunidades.

Fonte: Folha

terça-feira, 6 de abril de 2010

Ele merece! Ele merece!

Diariamente eu sou bombardeado pela publicidade através do rádio, TV, revistas, jornais, cartazes, mensagens por celular, folhetos entregues nos semáforos, e outros meios que com muita criatividade são utilizados pelas empresas de propaganda. É preciso divulgar o produto, trazer novos consumidores e fidelizar quem já consome.

Acontece que eu vejo aquele carrão andando por uma cidade vazia nos intervalos do filme, ou aquele televisor enorme com uma definição incrível na publicidade de duas páginas em uma revista semanal qualquer, ou ainda aquele imóvel que mais parece um clube, repleto de área verde preservada, com acesso fácil pelas principais rodovias e bem localizado entre escolas e supermercados.

Passa um dia, e eu nem presto atenção. E outro, e eu nem ligo. E passa um tempão, e tudo normal.

Mas de repente, num dia qualquer, alguém sopra no meu ouvido “olha só que legal esse produto; você merece ter um desses”, e como se estivesse hipnotizado eu repito para mim mesmo “sim, eu mereço”. Pronto, foi dada a largada.

Você já reparou que quando se interessa por alguma coisa, esta coisa fica ainda mais evidente a sua frente? Recentemente eu me cansei do meu computador, que após muitos anos de uso está totalmente ultrapassado e não suporta os aplicativos que eu quero utilizar, inclusive para eu acessar internet. Então uma voz me disse bem baixinho ao ouvido: “você precisa de um notebook” e eu pensei “eu mereço um notebook, afinal, tem um monte de gente andando com um na mochila, porque não eu?”

Incrivelmente minha caixa de e-mails se encheu de promoções de notebook. Na televisão eu vi equipamentos por menos de mil reais parcelados em até doze vezes sem juros. Vi promoções que na compra acima de ‘não sei quantos’ reais eu concorreria a dois notebooks, um pra mim e outro para eu presentear quem eu quisesse.

Após alguns cálculos e sentindo-me frustrado ao constatar que a compra do objeto de desejo não cabia no meu orçamento, cheguei à triste conclusão de que eu não mereço um notebook. Digo triste conclusão porque é isso que é, uma conclusão muito triste mesmo.

Mas como podemos determinar se merecemos ou não algo que desejamos? Eu diria que de duas maneiras:

1) Se não posso comprar a vista, é porque não mereço.
O crédito é algo crescente em nossa economia, nos incentivando a consumir hoje e pagar só amanhã. Atualmente isso acontece até com nossas compras de supermercado. Fazemos a compra do mês e pagamos com um cheque para quarenta e cinco dias. Acontece que o mês tem trinta dias, então o arroz e o feijão acabam e o cheque nem foi compensado ainda!

A verdade é que se você não pode pagar a vista, você simplesmente não merece, mesmo para itens de grande valor. O imóvel dos seus sonhos comprado pelo SFH em vinte ou trinta anos com parcelas que hoje cabem no seu bolso, pode uma hora pesar no seu orçamento. Ao longo da sua vida seus custos pessoais aumentam e a prestação está lá, com o saldo devedor sendo atualizado mensalmente por um índice de inflação.

2) Se você não pode abrir mão do que está comprando, então você ainda não merece.
Mesmo quem compra a vista pode se deparar isso. Uma pessoa com ótimo controle emocional e financeiro poupou, mês a mês, e conseguiu comprar um veículo zero quilômetro com redução de IPI e, por pagar a vista, ainda obteve um desconto, além de sair da concessionária de tanque cheio e primeiro IPVA pago.

Algum tempo depois ela começa a acompanhar a tabela do Jornal do Carro e vê que seu veículo se desvalorizou em 10%. Mais alguns meses se passam e a desvalorização chega aos 15%, além do fato de que as manutenções na rede autorizada ficam cada vez mais caras e não agregam valor ao veículo.
Mas para que serve um carro afinal? Para que possamos nos deslocar de um lugar para o outro mais rápido, mais seguro, com mais conforto. Atendendo essas necessidades, o que mais esperar do veículo? Que ele não se desvalorize?
Se você não pode aceitar que seu conforto tem um custo, então você não merece esse conforto. Não adianta instalar um sistema de ar condicionado no seu apartamento e reclamar toda vez que chega a conta de energia elétrica. Se você faz isso, você não merece.

Embora seja difícil de aceitar, me parece óbvio que se queremos algo, primeiramente temos que fazer por merecer. Pode ser que eu nunca compre meu notebook, e morra usando meu desktop lento, travando e com péssima resolução de vídeo. Por mais que meu banco diga que eu mereço e me ofereça uma ajuda (uma força, ou um help como eles também gostam de dizer), ainda assim eu não sou merecedor. Ainda.